Augusto Castro, político com experiência na gestão municipal, deveria ouvir mais o que dizem os bons profissionais da área médica que fazem parte da sua equipe de Governo. Mas, ao que parece, não é isso que está acontecendo.
Às véspera de completar cem dias de mandato, o prefeito de Itabuna tem um comportamento aparente de parlamentar que optou por governar sob os holofotes das TVs, a influência da mídia, a pressão de comerciantes e a articulações de vereadores.
O município administrado por Augusto Castro vive um momento delicado em termos de Saúde. O quadro no setor, que sempre foi preocupante, se agravou nos últimos doze meses com a pandemia do novo coronavírus.
Lamentavelmente, esse cenário tende a piorar, se medidas enérgicas de recrudescimento, de mobilização, de orientação, de educação, pressionando a população para o cumprimento das medidas sanitária, não forem imediatamente tomadas. O momento não é de flexibilizar.
Ao completar, esta semana, um ano do registro do primeiro caso de contaminação, Itabuna caminha para a marca dos quinhentas mortes. O número pode ser considerado alarmante, se observarmos os 25 mil casos já confirmados, os quase 24 mil pacientes curados, os 512 ativos e os mais de cinquenta internados.
Esses dados são preocupantes, segundo as autoridades médicas. Itabuna cidade-polo regional, entreposto cortado por duas rodovias, que vive do comércio e da prestação de serviços, é considerado um foco da covid no Estado.
“Estamos muito preocupados”, afirmou na manhã desta terça-feira, dia 16, secretário estadual da Saúde. Fábio Vilas-Boas se referiu à flexibilização de alguns municípios, dentre eles Itabuna, às medidas restritivas adotadas na Bahia para conter o avanço do coronavírus.
O secretário disse que a abertura de atividades não essenciais pode fazer com que as pessoas se desloquem entre as cidades, gerando mais contágio pela covid e maior necessidade de hospitalização. Vilas-Boas alertou que existem algumas cidades próximas de entrar em colapso.
Também na manhã desta terça-feira, o médico Eduardo Kowalski deu uma boa entrevista aos jornalistas Oziel Aragão e Andreyver Lima, da FM Interativa. De forma lúcida e equilibrada, o diretor do Hospital de Base de Itabuna disse que, no momento, “o importante é combater a doença e salvar vidas”. O oncologista afirmou que Itabuna vive um quadro preocupante. “Quem não viu o quanto é grave, que acredite nas palavras dos médicos e paramédicos. O momento é usar a ciência e conversar com a sociedade, convencê-la e buscar alternativas coletivamente", alertou Kowalski.
Ora, se o governador Rui Costa, aliado do prefeito de Itabuna, garante que situação é grave e baixa um decreto alertando a população baiana; se o próprio Augusto foi vítima dessa enfermidade, sendo salvo por milagre de Deus e graças à eficiente assistência dos médicos Eduardo Kowalski, Lívia Mendes e Eric Junior, que hoje integram a equipe técnica do seu Governo, por que o gestor itabunense até o momento não tomou medidas duras, firmes e objetiva para conter a crescente onda do coronavírus no município?
Em mais: por que ainda não mobilizou todos – repete-se, todos – os segmentos da sociedade itabunense, de comerciários a taxistas, de comerciantes a profissionais de Saúde, de vereadores a representantes de associações de moradores, de órgãos de Segurança Pública a pesquisadores das Universidades; não buscou apoio dos grandes organismos nacionais e internacionais, não fortaleceu e dinamizou o Comitê de Enfrentamento, e não liderou uma grande cruzada de combate ao novo coronavírus no sul do Bahia?
É triste reconhecer, mas a pandemia se alastra em Itabuna e a população ou está omissa ou indiferente a ela. Augusto Castro deve mostrar pulso firme e ter foco para combatê-la. Precisa seguir a orientação técnica dos médicos Fábio Vilas-Boas, Eduardo Kowalski, Lívia Mendes e Eric Júnior, e dos pesquisadores da Uesc. Numa pandemia, a ciência fala mais alto, salva vidas. Pode, inclusive, salvar um Governo.