Augusto Castro, vivendo os últimos meses de sua gestão, mudou o seu discurso enfático e incisivo para tom moderado e defensivo. Por enfrentar uma crise interna e uma crescente rejeição pessoal, o prefeito de Itabuna decidiu adotar uma fala mais mansa e equilibrada, como ocorreu na manhã desta quarta-feira, 1.º de novembro, Dia de Todos os Santos, na Rádio Morena FM. Às vésperas do Dia de Finados, ele foi ao programa “Conexão Morena”, apresentado por Oziel Aragão, Andreyver Lima e Lavínia Sizínio, e fez um balanço de suas ações.
Com ar de seminarista e medindo as palavras, o prefeito mudou o discurso, mas não a sua característica principal: fazer promess, algumas quase não cumpridas. Augusto Castro sabe que muitos em Itabuna sabem – inclusive o Blog do Bené – que ele está vivendo a pior crise de sua gestão, com grandes e gravíssimas denúncias de irregularidades, que poderão levá-lo à derrota. No entanto, ele prefere viver de aparência, cercado de uma claque de falsos bajuladores.
Sem um discurso seguro e fugindo do confronto direto, Augusto Castro tenta agora mostrar à sociedade que as administrações passadas e a recente queda no repasse, pelo Governo Federal, do FPM-Fundo de Participação dos Municípios são os responsáveis pela erros e equívocos cometidos a sua gestão. O mais grave é que ele, ao acreditar piamente no que afirma, tem a convicção de que está agindo corretamente e acredita que o itabunense crê que o seu discurso seja verdadeiro.
Na verdade, o prefeito de Itabuna está se esquecendo que o ano que vem, eleitoral, será atípico. Concretamente, resta aos gestores municipais, para efeito prático de execução de obras, apenas este mês de novembro, março, abril e maio. Isto porque, no Brasil festeiro, entre dezembro e março, teremos Natal, Réveillon e Carnaval. Em junho, mês também de festa, começam as movimentações para as convenções partidárias. Ele está correndo contra o tempo para, num curso espaço de tempo, realizar e entregar à população tantas obras prometidas.
Em verdade, ao assumir a Prefeitura, Augusto Castro cometeu um sucessão de erros crassos: deixou de ouvir os reais amigos, abandonou os aliados históricos e se cercou de bajuladores de ocasião e de pessoas de conduta duvidosa. O prefeito de Itabuna tem poucos amigos leais e fiéis. Apesar de dispor em sua equipe técnicos competentes e pessoas altamente qualificadas, ele prefere se cercar de puxa-sacos de plantão que só aplaudem o que faz e diz. O mais grave é que, fechado para ouvir sugestões e centralizador nas ações, o gestor itabunenense faz poucas referência as parcerias com os governos Lula e Jerônimo – os quais não apoiou nem votou. Augusto Castro só fala o que interessa a Augusto Castro.
A Augusto Castro interessa falar de débitos de predatórios das gestões passada, da pandemia da pandemia da covid, da enchente do Rio Cachoeira e de inauguração de reformas de escolas. No entanto, os contratos assinados pela Prefeitura com empresas não-qualificadas; a tripla lista de servidores fantasmas, o relacionamento espúrio com vereadores, as irregularidades cometidas por Aldo Rebouças na FICC, a tentativa de tirá-lo da presidente Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania e a parceria comercial dele com o Diego Carvalho nos toldos que cobrem a Feira do São Caetano, são alguns assuntos que o prefeito – sempre temeroso ao embate e ao confronto – evita comentar.