O presidente Jair Bolsonaro, apesar de ter anunciado a criação de um comitê para decidir e direcionar os rumos do combate à pandemia do novo coronavírus, continuando brigando com a verdade e com a ciência. Quem diz isso é o senador Otto Alencar. Médico e ex-professor da Faculdade de Medicina da Ufba, o parlamentar baiano conversou longamente na noite desta quarta-feira, dia 24, com o Blog do Bené.
“Antes de fazer o pronunciamento à nação e decidir criar o comitê, o presidente deveria ter seguido o conselho do filósofo francês Voltaire, que diz que ‘os homens erram, os grandes homens confessam que erraram’. Mas, ele preferiu seguir brigando com a verdade e lutando contra a ciência”, provocou Alencar, que também é presidente do PSD na Bahia.
O senador baiano afirmou que Bolsonaro tomou a iniciativa pressionado pelas instituições públicas e, também, pelo Congresso Nacional, em especial os senadores. “Fomos nós que começamos a trabalhar para conseguir vacina, elaboramos e enviamos um ofício à vice-presidente americana Kamala Harris solicitando colaboração bilateral para aumentar o estoque de vacinas contra o covid-19 no Brasil”, garantiu.
Ao lembrou que após anunciar a criação do comitê, o presidente da República voltou a defender a possibilidade de tratamento precoce – apesar de ainda não haver medicamentos com comprovação de eficácia contra a covid-19 – Otto Alencar afirmou que “ele o que criou, mas desmanchou, porque não se enfrenta pandemia aplicando cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina ou azitromicina”.
“Para se combater essa doença não há outro caminho que não seja a vacina. O presidente ficou um ano desmerecendo o trabalho dos médicos e cientistas, desvalorizando as ações dos prefeitos e governadores. Ao longos desses meses, milhares de brasileiros morreram, mas o presidente preferiu tomar banho, pescar de lancha, pilotar jet-ski e discursar em lanchonetes; não teve um gesto de piedade com as vítimas e os seus familiares”, declarou.
Para Otto Alencar, Bolsonaro vem se manifestando como uma pessoa insensível. “Um ser humano perverso, um político que não se comove com a dor do povo e prefere se comunicar usando palavrões. Depois de um ano, ele criou um comitê, mas não teve a grandeza de reconhecer que a covid não é uma gripezinha ou resfriado; é uma grave doença que já matou milhares de pessoas, dentre elas, crianças e jovens de porte atlético. É lamentável que o Brasil e o seu povo trabalhador tenham um presidente que não reconheça a sua grandeza”, finalizou.