O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que institui o programa Escola em Tempo Integral-ETI. Em 2023, a ação pretende ampliar em 1 milhão o número de matrículas de tempo integral nas escolas de educação básica de todo o Brasil. A cerimônia de sanção, com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, foi realizada na última segunda-feira, dia 31, no Palácio do Planalto, em Brasília.
“É com a universalização do acesso à educação pública — e no aprimoramento da qualidade do ensino — que erguemos as bases de uma sociedade mais consciente, mais justa e menos desigual. E é com a educação em tempo integral que avançamos ainda mais em direção ao país que precisamos reconstruir”, ressaltou o presidente Lula.
No Brasil, de acordo com o Censo Escolar 2022, 6,9% das escolas públicas possuem entre 20% e 50% dos seus estudantes matriculados em tempo integral. O censo ainda aponta que 50,7% das escolas não possuem nenhum estudante com jornada integral.
O?programa?visa ampliar?o número de matrículas já nos anos de 2023 e 2024. Um investimento de R? 4? bilhões vai permitir?que?estados, municípios e o Distrito Federal possam expandir a oferta de jornada em tempo integral em?suas redes. Depois, a meta é alcançar, até o ano de 2026, cerca de 3,2 milhões de matrículas.
Ainda há um desafio pela frente para universalizar o ensino integral na Bahia. Segundo informações do Censo Escolar de 2022 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais-Inep, o Estado contava com 2.149 escolas que ofereciam o ensino integral no ano passado. O número corresponde a 16,2% do total de escolas públicas no estado. A quantidade de matrículas nessa modalidade de ensino foi de 307 mil, 11,6% das matrículas totais no Estado.
Embora os números indiquem um caminho a percorrer, há uma tendência de crescimento nas matrículas de ensino integral no estado. Na comparação entre os números do censo do Inep de 2021 para 2022, a proporção de matrículas em ensino integral no ensino fundamental na Bahia saltou de 7,5% para 11,2%, e as do ensino médio avançaram de 5,9% para 8,6% de um ano para o outro.
A meta 6 do Plano Nacional de Educação-PNE estabelece o objetivo de ofertar a educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de modo que atenda a, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica. Para tanto, os estudantes devem ter, pelo menos, sete horas de atividades escolares.
Até 2024, quando o PNE completa o ciclo de dez anos de vigência, será necessário um crescimento de 27,6% para que a meta seja atingida. Nos últimos anos, na direção oposta, o Relatório do 4º Ciclo de Monitoramento das Metas PNE 2022 mostrou que o percentual de matrículas em tempo integral na rede pública brasileira caiu de 17,6% (em 2014) para 15,1%, em 2021. Ainda segundo o relatório, o indicador referente ao percentual de escolas de tempo integral no Brasil era de 22,4%, em 2021.
Todas as etapas da educação básica — creche e pré-escola, anos iniciais e anos finais do ensino fundamental e ensino médio — podem ser contempladas com o Escola em Tempo Integral. A ação é destinada a todos os entes federados, que poderão aderir voluntariamente ao programa e pactuar metas junto ao MEC, por meio do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec).
O investimento do Governo Federal vai permitir que estados, municípios e o Distrito Federal, em uma primeira etapa, pactuem com o MEC novas metas de matrículas em tempo integral (jornada escolar igual ou superior a 7 horas diárias ou 35 horas semanais). “Cada estado e município vai fazer o seu planejamento e vamos disponibilizar 50% dos recursos nesse primeiro momento”, disse o ministro Camilo Santana. “E o restante (50%) após a implantação das novas matrículas”, completou.
As parcelas serão transferidas levando em conta as matrículas pactuadas, o valor do fomento e os critérios de equidade. O valor que cada Secretaria de Educação receberá ao repactuar as metas é variável, de acordo com a capacidade de financiamento do ente federado – valor mínimo, valor máximo, valores intermediários, considerando o VAAT.
Nas etapas seguintes, o programa implementará estratégias de assistência técnica junto às redes de ensino. Estão previstas ações para formação de educadores, orientações curriculares, fomento a projetos inovadores, estímulo a arranjos intersetoriais, melhoria de infraestrutura, além da criação de indicadores de avaliação.
Nesta terça-feira, dia 1º, às 19 horas, o Ministério da Educação inicia o ciclo de seminários “Programa Escola em Tempo Integral: princípios para a Política de Educação Integral em Tempo Integral”. A abertura vai reunir especialistas em um debate com transmissão ao vivo no canal do MEC no YouTube.
Após a conferência de abertura, serão realizados seminários presenciais nas cinco regiões do país, de agosto a outubro. O primeiro, no Centro-Oeste, será em Cuiabá, no Mato Grosso, nos dias 3 e 4 de agosto. Em seguida, estão previstos encontros em Belém , no Pará, dias 23 e 24 de agosto;? Recife, Pernambuco, dias 13 e 14 de setembro; Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, dias 27 e 28 de setembro; e Diadema, em São Paulo, nos dias 4 e 5 de outubro, fechando o primeiro ciclo.
O Escola em Tempo Integral foi anunciado pelo Governo Federal em maio, durante solenidade com o presidente Lula, o ministro Camilo e governadores em Fortaleza, no Ceará. Em seguida, o Executivo apresentou ao Congresso o Projeto de Lei (PL) nº 2617/23, com o intuito de instituir o programa. O PL foi aprovado na Câmara e no Senado Federal no início de julho. O texto?aprovado no Senado permitiu, ainda, a?repactuação dos recursos da Lei nº 14.172/2021 para fomentar a conectividade nas?escolas.