Por Ederivaldo Benedito-Bené

A grande insatisfação do ex-líder do Governo itabunense no Legislativo foi sintetizada na frase contida no título deste comentário. Em entrevista ao radialista Fábio Ferreira, no programa Interativa News, da Rádio Interativa FM, na manhã desta quarta-feira, dia 17, Geraldo Ronaldo, do Republicanos, expôs, em poucas palavras, o clima tenso existente hoje entre os vereadores e o prefeito Augusto Castro, do PSD.

Na tarde do dia anterior, durante sessão da Câmara – após um discurso emocionado – Ronaldão surpreendeu os presentes e anunciou que estava deixando a liderança do Governo naquela Casa. O anúncio do vereador mostrou a dimensão e a gravidade da crise existente desde o início do ano entre vereadores e prefeito. Até então, a insatisfação era administrada nos bastidores pelo atual gestor itabunense.

Vereador em quarto mandato, Ronaldão é considerado um vereador de comportamento equilibrado, aberto ao diálogo e de espirito conciliador. Na condição de líder, há tempos não era ouvido por Augusto Castro para discutir os projetos que tramitam na Câmara e das demandas do Legislativo. Um detalhe que mostra a que pontou chegou a desgastada relação: antes de fazer o anuncio, o ex-líder ligou para o prefeito, mas não foi atendido.

 Midiático e performático, Augusto Castro é um politico que, desde o início da sua primeira gestão, vem adotando um estilo centralizador. Gosta de viver de aparências, de jogo de cena, “de espuma”, ostentação vazia e superficialidade, sem substância ou base real. No popular, “joga para a torcida”; todas as ações são para agradar ao público, buscando popularidade, aplausos e apoio. Não admite, em hipótese nenhuma, receber qualquer tipo de críticas à sua gestão. Quem o faz – mesmo com embasamento – é tido por ele e seus aliado como “adversário” e “oposição”.

Foi justamente esse comportamento centralizador e de autossuficiência que motivou o desgaste do prefeito com os vereadores itabunenses. O Blog do Bené apurou que, ao menos, dez deles estão profundamente insatisfeitos com o tratamento dispensado por Augusto Castro. No entanto, à espera dos prometidos cargos, permanecem em silêncio, desde janeiro deste ano. Dos vinte e um membros do Legislativo, o prefeito tem apoio irrestrito de vinte. Enquanto isso, ambos recebem duras críticas, diariamente nos programas das manhãs no Rádio.

No entanto, a saída de Ronaldão da liderança fez com que alguns deles reagisse contra o prefeito. “O prefeito vem cozinhando o galo em banho-maria. Ele só está focado na eleição de Andréa Castro e empurra com a barriga, prometendo cargos para janeiro de 2026, enquanto o povo está nos gabinetes, pedindo providencias e ajuda aos vereadores”, afirmou um edil ao Blog do Bené, pedindo anonimato.

A falta de diálogo com Augusto Castro e sua equipe de Governo, e de ampla discussão dos projetos do Executivo com o Legislativo são duas das principais queixas dos vereadores itabunenses. Eles alegam que não tem acessos direto aos secretários municipais, porque o prefeito centraliza todas as ações da atual gestão. Segundo eles, Castro também não vem cumprido os acordos firmados durante a campanha eleitoral, principalmente os ligados à indicação de cargos na Prefeitura.

O líder anterior, Ricardo Xavier, também deixou a função por falta de apoio do chefe do Executivo. “O prefeito não reúne a bancada para interagir e discutir projetos. A população cobra uma ação mais efetiva da Câmara, que não tem informações concretas sobre o andamento das obras realizadas pela atual gestão. Além de não ouvir os colegas vereadores, ele envia projetos de última hora como o caso da Zona Azul. Os vereadores estão se sentindo maltratados e desprestigiados pelo prefeito de Itabuna, disse Ronaldão ao Blog do Bené.