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21 nov, 2024
Publicada em: 20 de 2024 às de 2 hs
Kocó do Lordão – Cantor, comendador, cidadão!

Por Ederivaldo Benedito-Bené

Eu conheci Clóvis Leite aos treze anos, em 1972. Ele com 21 anos, cabelos encaracolados, recém-chegado de Salvador. Carioca de nascimento, veio a Itabuna, a convite do baterista Sabará – um dos fundadores do “Ritmos Lords” – para ser, ao lado de Jô Carlos, crooner do Super Som Lordão, um novo grupo musical itabunense, que fazia grande sucesso no interior baiano, se apresentando em bailes e formaturas.

Filemon Carvalho nos teclados, Tobias, Basílio, Cremildes Pereira e Mimide, meu vizinho na rua Abílio Caetano, no Alto Maron, no baixo, eram os outros destaques da banda. “Cocó” – na época com C – e minha irmã Ecely tornaram-se grandes amigos e, também, colegas no Colégio Firmino Alves. Clóvis Leite frequentava a casa de minha mãe e D. Bazinha o recepcionava com almoços, tratando-o como um filho. Conversavam longamente. Ela gostava de ouvi-lo cantar e guardava a sete chaves o LP “O Tempo e o Vento”, lançado em 1976, e autografado por ele e os demais integrantes do grupo.

Eu cresci, ingressei no Jornalismo e consolidei a amizade com um dos maiores intérpretes baianos, divulgando seus shows. Kocó era completo, o príncipe dos palcos. Um artista que, com maestria e alegria contagiante, passeava por todos os ritmos musicais: da marchinha de Carnaval, passando hits internacionais e sucessos românticos da MPB a composições do forró. Um músico, também graduado em Administração.

Em 1978, no “Canacacau” – projeto carnavalesco idealizado pelo radialista e publicitário Vily Modesto na primeira gestão do ex-prefeito Fernando Gomes – Kocó, em cima do trio, com apoio do serviço de sonorização ambiente “King-A Majestade do Som”, fez tremer a avenida Cinquentenário cantando “Carnaval do Cuma”, letra do saudoso Raimundo Rocha: “São quatro dias de folia no Carnaval de Itabuna, o povo cantando com alegria no Carnaval de Cuma. Queiram ou não queiram o Carnaval do Cuma está aí. Como é que é, como é que foi, como é que pode, quem não pode se sacode, olha aí”.

Figura doce e meiga, carinhosa e carismática, o botafoguense “Cócoras” era um papo agradável. Reunia uma legião de admiradores no Bar de Cacau, no Banco Raso; no “Passarela”, bar/restaurante de Eduardo Caldas, no Pontalzinho, e na praça de alimentação do Shopping. Também um homem de fé, devoto de Nossa Senhora, às quintas-feiras participava da Missa da Misericórdia na Catedral de São José. Foi um cidadão que marcou presença nas ações sociais das instituições filantrópicas itabunenses e nas campanhas do Abrigo São Francisco de Assis, entidade que acolheu seu pai.

“Seu Clóvis”, sempre de bem com a vida, tinha uma fé inabalável – resignado, sofreu em junho de 209, a perdeu do filho Júnior Kocó, integrante da banda, vitima de câncer – e era um eterno gozador. Tirava onda com “Benezinho”, mas tinha um carinho especial por Maria da Trindade e uma grande admiração por Mariana Benedito. Em 2012, quando decidiu disputar uma vaga na Câmara de Vereadores, ele nos convidou – eu e minha filha – para participarmos da coordenação da sua campanha. O Legislativo itabunense perdeu um excelente quadro, que em julho de 2018 foi agraciado com a Comenda Comendador Firmino Alves, outorgada pela Prefeitura.

Há pouco mais de um mês, tivemos o último contato. Nós conversamos por telefone. Falamos sobre a Comenda Dois de Julho concedida, em setembro do ano passado, pela Assembleia Legislativa, projeto de autoria do deputado estadual Pancadinha; Natal e Ano Novo, saúde e fé, o Itabuna e Maria Flor, “Nego Katita” e os oitenta anos de Paulo Índio.

Nesta segunda-feira, dia 19, em Salvador, o comendador Clóvis de Figueredo Leite, cidadão itabunense “Kocó do Lordão” faleceu. Apesar de estar hospitalizado, sua morte nos pegou de surpresa e o levou de nós repentinamente, aos 72 anos. O corpo está sendo velado no Cemitério Bosque da Paz onde, às 15 horas desta terça-feira, dia, 20, será cremado.

Neste momento de dor e consternação, só nos cabe pedir a Deus que lhe ilumine e lhe dê paz, e que Deus dê conforto à amiga Sônia Leite, sua esposa; à Marquinhos Vinícius, seu filho, e aos netos Maria, Rauani, Maitê, João Humberto e Maria Antônia, para que possam enfrentar esta imensurável dor com serenidade.

Com o velho “Kocó” eu compartilhei o seu sorriso. E momentos felizes – nos bailes e na folia, nos forrós e nas formaturas – eu vivenciei com amigos e amores, ouvindo a voz vibrante de um grande amigo que veio ao Mundo para, cantando sorrindo, trazer alegria e felicidade aos seus amigos, fãs e admiradores.

 


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