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27 mar, 2025
Publicada em: 26 de março de 2021
Ceplac: Pesquisadores pedem à ministra Tereza Cristina a saída do diretor Waldeck Pinto

O Blog do Bené teve acesso à carta enviada no último dia 18 à ministra da Agricultura Tereza Cristina pelos pesquisadores que solicitaram exoneração de seus cargos na atual diretoria da Ceplac. O documento é assinado por Adonias Castro Virgens Filho, Antonio Cesar Costa Zugaib, Caio Marcio Vasconcellos Cordeiro de Almeida, Fernando Antonio Teixeira Mendes, Jackson Emanuel Benevides Prado, Manfred Willy Müller, Milton José da Conceição, Paulo Gil Gonçalves de Matos, Paulo Júlio da Silva Neto e Raúl René Meléndez Valle.

No comunicado, os ex-dirigentes da Ceplac apontam, de forma sucinta, as razões para trocar a direção. Eles defendem mudanças no órgão, que este ano completa sessenta e cinco anos de existência, e propõem a sua revitalização “em condições dignas, para que possa continuar sua missão de desenvolver a cacauicultura nacional”.

Os signatários pedem à ministra Tereza Cristina a saída do atual diretor-geral Waldeck Pinto de Araújo Junior. Argumentam que a troca do dirigente maior do órgão deve ser feita “por bem do interesse público e das regiões produtoras de cacau, zelar pelo patrimônio material e imaterial do órgão e evitar que as medidas impostas pela direção causem maior prejuízo aos interesses da cacauicultura nacional e provoquem a extinção da Ceplac”.

De fato, a Ceplac, criada em fevereiro de 1957 para solucionar os problemas financeiros da cacauicultura, no transcurso de trinta anos colocou o Brasil como segundo maior produtor mundial de cacau. No entanto, após a eliminação da sua autonomia administrativa e financeira em 1985, assim como a falta de reposição de pessoal nos últimos trinta e seis anos e o declínio do orçamento ano a ano, o principal organismo federal em atuação no sul da Bahia chegou a um estado crítico de sua existência. “Os prós e contra de sua revitalização devem ser pesados pelo Governo”, ressaltam os pesquisadores.

Eles lembram que o cacaueiro é uma planta que tem vantagens econômicas fortes – é matéria prima para o chocolate – sociais, porque seu cultivo mantém o homem a terra, e ambientais de relevância, uma vez que o cultivo em cabruca ou sistemas agroflorestais serve de corredor ecológico entre fragmentos de mata virgem e sequestra e fixa grande quantidade de carbono da atmosfera. Só estas razões serviram para a revitalização da Ceplac, um instrumento importante da cadeia produtiva do cacau, desde dentro da porteira da fazenda até fabricação e consumo de chocolate.

E mais: o Centro de Pesquisas do Cacau da Ceplac, na rodovia Ilhéus /Itabuna, conduz o maior programa de melhoramento genético de cacau do mundo. Tem o maior acervo bibliográfico em cacau da América Latina, assim como a segunda maior catalogação e espécies da mata atlântica do Brasil. O Cepec coordena também um programa especial de melhoramento preventivo contra a monilíase, grave doença fúngica do cacaueiro. Prima da vassoura de bruxa, se chegar ao sul da Bahia dará o golpe de misericórdia à cacauicultura do Brasil, porque já terá passado pelos estados do Norte.

Na área de extensão, a Ceplac colocou em campo tecnologias para alta produtividade – Cacau 500 arrobas – um pacote de manejo de grande relevância, que está sendo tratado com descaso no estado na Bahia. Na região norte do país também há programas relevantes desenvolvidos pelo órgão. O maior germoplasma do cacau do mundo e a produção de sementes e propágulos de cacaueiro são exemplos.

“A atual direção não soube interpretar o verdadeiro papel da Ceplac à luz do decreto 10.253, de 20 de março do ano passado, impondo um tratamento de desprezo à assistência técnica e extensão rural da instituição, determinando a entrega sumária de unidades importantes da extensão rural e, também da pesquisa, ocasionando a eliminação radical das suas atividades, sem sequer ouvir profissionais da casa com reconhecida competência nessas áreas. Infelizmente para a Ceplac, isto ocasionou desestímulo no corpo de servidores que, aceleraram sua saída, abandonando o ideal de ainda servir com sua experiência e competência a cacauicultura”, afirmaram na correspondência.

Os pesquisadores frisam bem que “o propósito negativista da direção retira da Ceplac, e de fato do governo Bolsonaro, a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento tecnológico de biomas importantes, removendo a possibilidade de exploração do cacaueiro como ativo econômico, sociocultural e ambiental, em especial na floresta Amazônica e na Mata Atlântica, justamente os santuários que atraem a atenção de interesses internacionais”.


Escrita por: Informação Ágil, texto leve, comentário objetivo - Escrito por: Ederivaldo Benedito
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