Sônia Guajajara, a primeira indígena a ocupar um cargo de ministra, afirmou nesta quarta-feira, dia 11, que os povos originários vivem uma crise humanitária no Brasil. Ao assumir o Ministério dos Povos Indígenas, ela citou como causas as invasões de territórios, o desmatamento, o garimpo ilegal, a falta de assistência adequada em saúde e saneamento, entre outros. A informação é da Agência Brasil.
"Não é mais possível convivermos com povos indígenas submetidos a toda sorte de males, como desnutrição infantil e de idosos, malária, violação de mulheres e meninas e altos índices de suicídio. Presidente Lula, arrisco dizer, sem exagero, que muitos povos indígenas vivem uma verdadeira crise humanitária em nosso país e agora estou aqui para trabalharmos juntos, para acabar com a normalização deste estado inconstitucional que se agravou nestes últimos anos”, afirmou.
Guajajara também falou da emergência climática e de como os territórios indígenas são essenciais no combate ao aquecimento global. “Se, antes, as demarcações tinham enfoque, sobretudo na preservação da nossa cultura, novos estudos vêm demonstrando que a manutenção dessas áreas tem uma importância ainda mais abrangente, sendo fundamentais para a estabilidade de ecossistemas em todo o planeta, assegurando qualidade de vida, inclusive nas grandes cidades. Daí a importância de reconhecer os direitos originários dos povos indígenas sob as terras em que vivem”, disse.
A nova ministra também chamou a atenção da sociedade para a preservação do planeta. “Nós não somos os únicos que necessitam aqui viver. Nós apenas coabitamos a mãe Terra junto com milhões de outras espécies. O desprezo por essas outras formas de vida, as práticas de desmatamento intenso feitas sempre em nome da economia de curto prazo, têm efeitos devastadores para o futuro de todos nós”, alertou.
Deputada federal eleita pelo PSOL de São Paulo, Sônia Guajajara aproveitou para anunciar a recriação do Conselho Nacional de Política Indigenista, extinto em 2019, pelo governo anterior. “[O conselho] garante a participação paritária entre representações indígenas de todos os estados brasileiros e órgãos do executivo federal”, enfatizou.