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22 nov, 2024
Publicada em: 23 de 2021 às de 7 hs
Homenagem póstuma a Dra. Sônia Maron-Artigo de Marcos Bandeira

Marcos Bandeira – Advogado, juiz aposentado, professor de Direito da Uesc-Universidade Estadual de Santa Cruz; ex-titular das varas Crime, do Júri, e da Infância e Adolescência de Itabuna; doutorando em Direitos Humanos pela Universidade Nacional Lomas de Zamora, Argentina; membro da Alita-Academia de Letras de Itabuna

Coube a mim, por determinação da presidente da Academia de Letras de Itabuna-Alita, Silmara Oliveira, prestar a última homenagem a nossa confreira querida, Sônia Maron, que nos deixa num momento ainda difícil e conturbado por que passa a humanidade.

Ainda não era meio-dia, quando recebi a triste notícia no silencio do meu lar. Algumas vozes distantes, o canto de um pássaro… E as asas da minha memória me levaram a um cenário, a um horizonte, onde encontrei uma grande mulher….

Sônia Maron, mulher de personalidade forte, perfeccionista, bonita, elegante, sensível e inteligente...

O dramaturgo Bertolt Brecht deixou a seguinte lição: “há pessoas que lutam um dia e são boas; há outras que lutam um ano e são melhores; há aquelas que lutam muitos anos e são muito bons; mas há os que lutam toda a vida e estas são imprescindíveis”.

Sônia Maron era esta mulher pujante, guerreira, generosa, de personalidade forte, que defendia suas convicções com uma dignidade admirável. A tua bandeira era a educação como um meio de transformar o ser humano, a generosidade e a justiça como a razão de ser de sua luta.

A conheci de longe como magistrada, mas a sua boa fama já corria por todo o Estado da Bahia, delineada como juíza estudiosa e firme nas suas decisões. Assim de tanto admirá-la, acabei também me tornando magistrado; a tua postura como profissional exemplar serviu de inspiração para muitos, inclusive para mim!

Os ventos do destino me empurraram para a Universidade Estadual de Santa Cruz-Uesc, onde também fomos colegas na cátedra da ciência jurídica. Guerreira e com aguçado senso de responsabilidade, saía algumas vezes de salvador para ministrar aulas na Uesc, instituição na qual ela se dedicou de corpo e alma. Chamava-me a atenção, a tolerância e o prazer com que ela orientava os discentes da Uesc, e por essas e outras, acabou sendo professora também das minhas filhas, Michelle e Danielle.

Finalmente, por mais uma dessas coincidências ou caprichos do destino, fui morar no prédio do condomínio Carlos Drummond de Andrade. Ela morava no 6º andar, eu no 5º.  A sua sensibilidade era tamanha que recebeu toda a minha família com um buquê de flores e um jantar. Nunca me esqueci desse detalhe que revelava toda a sua lhaneza e sensibilidade no trato com as pessoas. Onde passava, nos corredores ou no elevador, deixava o aroma do seu perfume. Era exigente na preservação do condomínio e algumas vezes emprestava o seu apartamento para receber os confrades e confreiras da Alita. Reuniões inesquecíveis com intelectuais, artistas, poetas, escritores e pessoas comuns, sempre com seu refinado trato e elegância, regado a um bom vinho e ao som de um violino.

Como magistrada, como professora, como acadêmica, escritora, não permitia a si própria o auto elogio, pois como dizia sempre: “elogio em boca própria é vitupério”.

Um certo dia, por mais uma dessas coincidências, a convidei em nome do acadêmico e escritor, Cyro de Matos, para fazer parte da Academia de Letras de Itabuna, que estava nascendo naquele dia 19/04/2011. Ela não hesitou e passou a contribuir decisivamente para a consolidação da academia, ajudando na elaboração do estatuto e do seu regimento interno. Participava ativamente de todas as reuniões. Fui o seu primeiro presidente e contei com sua inestimável ajuda até para sediar a academia no antigo escritório de seu filho, Otavio César. Ela me sucedeu e foi presidente por dois mandatos seguidos, realizando vários projetos voltados para a sociedade e propiciando as condições para a produção do conhecimento, através da revista Guriatã e do site da Alita.

Querida confreira Sônia Maron, o seu corpo físico vai nos deixar, porque ele é material e perecerá, mas o teu legado imaterial jamais morrerá em nossos corações e nas nossas memórias, porque você será sempre uma pessoa imprescindível em nossa caminhada!

Agradeço pelo privilégio de compartilhar da tua amizade, e para despedir, permita-me recitar um verso de Saint-Exupéry: “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.

Obrigado!

 


Escrita por: Escrito por: Ederivaldo Benedito - Informação ágil, texto leve, comentário objetivo
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